quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Experimenter

Direção: Michael Almereyda, 2015.
Um filme biográfico sobre o psicólogo Stanley Milgram. O filme conta a história, a partir da década de 1960, de Stanley Milgram (Peter Sarsgaard), um psicólogo formado em Yale reconhecido por pesquisas e testes de obediência. O mais conhecido desses experimentos é constituído por três pessoas, uma aleatória e duas que integram a equipe pesquisadora. É um teste de obediência à autoridade, onde temos um integrante da equipe como o criador do teste, outro integrante como o “aluno”, e o sujeito aleatório como “professor”. O teste consiste em o “professor” ler para o “aluno” alguns pares de palavras, um substantivo seguido de adjetivo, de uma vez, e depois ler apenas uma palavra e o “aluno” tem que completar com a outra palavra, basicamente um teste de memória, e a cada erro o “aluno” leva um pequeno choque de 45 volts que vai aumentado de erro em erro. O “aluno”, sendo integrante da equipe pesquisadora, não leva choque algum, apenas emite sons de dor para que o “professor” pense que é real, pois cada um está em uma cabine e não se veem, e quem aplica os choques é o próprio “professor”. Então há esse dilema: o sujeito continuará aplicando os choques no “aluno” mesmo com os gritos de dor, obedecendo assim o pesquisador chefe, ou ouvirá mais os gritos de dor e não aceitará a continuidade da pesquisa? Além desse experimento, há outros testes comportamentais e de obediência que o filme nos mostra, alguns antiéticos e controversos.


Peter Sarsgaard narra a história do psicólogo para o público, quebrando a quarta parede o filme todo, com muitas explicações dos acontecimentos e algumas partes mais técnicas da psicologia que o público não é obrigado a saber. Há ainda algumas cenas com chroma key muito forte, mas propositalmente, parecendo algo caricaturesco que remete à seriados e filmes da década de 1960, mas que são de certa forma interessantes. É uma narrativa um pouco cansativa pelo excesso de explicação e a quebra constante da quarta parede, que chega a incomodar um pouco. Em certa parte do longa, considerei que poderia ser dirigido e protagonizado por Woody Allen. Creio que o trunfo do filme não seja pelos aspectos técnicos, mas sim pelas reflexões que esses experimentos nos trazem, acerca da filosofia, psicologia, obediência, rebeldia e convívio social. Algumas respostas o filme nos dá pela própria narração, infelizmente, pois Milgram escreveu um livro sobre os resultados do experimento e nos responde algumas perguntas que ele mesmo nos fez anteriormente. Porém, não deixa de ser um filme interessante e que nos traz algumas reflexões necessárias sobre o ser humano, sua natureza e a sociedade que nos envolve a cada dia. Considero um filme 8,5, muito por conta dos aspectos de questionamento que nos apresenta. 

Nenhum comentário :

Postar um comentário