terça-feira, 5 de julho de 2016

Finding Dory

Direção: Andrew Stanton, 2016.
Dory, a peixe coadjuvante de Finding Nemo (2003) ganhou um filme solo, treze anos depois. Dessa vez, as aventuras de Finding Dory (2016) se passam um ano após os eventos do filme anterior, e Dory está vivendo tranquilamente no mesmo recife em que Marlin e Nemo, até que ela começa, remotamente, a lembrar de sua infância e seus pais, e resolve sair para procurá-los. A história é bem parecida com o primeiro filme? Com certeza. Mas ela funciona muito bem. Traz um roteiro bem amarrado, personagens secundários marcantes e divertidos e uma crítica à nossa sociedade à lá Pixar

Antes de todos os filmes da Pixar, há a exibição de um curta, e agora foi a vez de Piper, que conta a história de um pássaro filhote começando a descobrir o mundo sozinho, mas encontra um grande medo nas ondas do mar. É uma curta de superação, como a Disney/Pixar estão acostumadas a nos apresentar, mas além disso, Piper traz uma criação de mundo belíssima, com ricos detalhes, na penugem dos pássaros, na areia do mar, na água, no céu. No início do ano a Pixar lançou The Good Dinosaur, que apesar de não ter uma história muito boa pra contar, me espantou com a qualidade técnica da animação, muito por conta do aspecto da água no filme. Parece até que deixaram uma câmera da areia da praia e filmaram os pássaros e os detalhes da paisagem. 

Seguindo para Finding Dory, nós encontramos um ambiente muito familiar (para aqueles que viram Nemo, claro): o recife, os personagens, a rotina, etc. E volta e meia ele nos dá alguma referência ao longa de 2003, seja com uma aparição de personagem, alguma piada interna daquele filme, ou fatos que aconteceram nele e são explicados agora. O filme consegue introduzir uma nova história, com novos personagens, e ao mesmo tempo completar uma história anterior. Apesar disso, tudo continua muito familiar, e não apenas pelos personagens, mas sim pelas aventuras: atravessar o oceano, se perder, buscar ajuda, entrar em canos. O roteiro não arrisca em nada, fica em sua zona de conforto seguindo os passos do primeiro filme. Em relação aos personagens, além dos pais da Dory, nos são apresentados: Hank, um polvo; Destiny, uma tubarão-baleia; e Bailey, uma beluga. Todos os personagens são essenciais para o desfecho, e há pelo menos um que tem um arco muito interessante, e seria ótimo se a Pixar apostasse nele para fazer algo a mais.  

Novamente a Pixar critica a nossa sociedade, nos mostrando a visão das vítimas em prol da diversão do ser humano. Numa cena muito semelhante em outra do primeiro filme, vemos Dory e Hank tentando escapar de mãos de crianças, que se divertiam enquanto encostavam e pegavam em alguns peixes. Enquanto em cima da água o riso ecoava no ar, abaixo dela o pavor estampava a face dos animais. Vimos muito bem isso em Nemo (2003), onde barcos pesqueiros capturavam peixes, e a terrível Darla no dentista. Aqui o sentimento é dúbio, pois é apresentado para nós um local de recuperação de animais marinhos doentes, que são resgatados, recuperados e retornados ao mar, e ao mesmo tempo são explorados pela sua beleza e exoticidade. 

Procurando Dory não é a melhor continuação da Pixar, mas vale todo o tempo de exibição. Pixar retorna a sua zona de conforto, após apostar certeiramente no excelente Inside Out (2015), e erroneamente em The Good Dinosaur (2016). Divertido para os mais novos, e emocionante para os nem tão mais novos assim.