Direção: Tim Miller, 2016. |
Hilário
talvez seja um adjetivo pequeno para esse filme. Um dos filmes mais aguardados
de 2016 não é apenas um filme de super-herói. Aliás, seria Deadpool um
super-herói? Nas palavras do próprio, não, mas para questões de rótulo sim.
Ainda assim, não é só mais um filme de super-herói que Tim Miller nos
apresenta. Deadpool é o primeiro filme deste personagem do Universo Marvel, que
nos mostra a origem de seus poderes e suas intenções, assim como seu núcleo de
relacionamento. Wade Wilson é um rapaz que descobre que tem câncer em vários
lugares no corpo e pode morrer logo, até que um desconhecido entra em contato
com Wilson e lhe oferece a cura desta doença, mas para isso ele passaria por
uma experiência que lhe tornaria, talvez, um super-herói. Assim temos o filme
de origem do Deadpool, e talvez o melhor da Marvel.
Esse
é o primeiro longa de Tim Miller como diretor, e ele nos surpreende com uma
colcha de retalhos com ótimas referências, grandes cenas de ação, e um Ryan Reynolds
certeiro. Aos poucos você percebe algumas inspirações para Deadpool, como
Kick-Ass (2010), com uma pegada de Guardians Of The Galaxy (2014), e várias
referências da cultura pop como Star Wars e Adventure Time. O destaque cômico
fica, é claro, para Deadpool, personagem de Ryan Reynolds, que brinca com o
Universo Marvel, principalmente os X-Men, e com a própria carreira do ator,
conhecido por participar de alguns filmes de super-heróis. Deadpool quebra
constantemente a quarta parede, contando a sua história para o público e
fazendo piadas, que funciona muito bem para este filme. O longa nos apresenta
vilões caricaturescos, porém engraçados também, como o britânico e o russo
malvados. É interessante observar o contraste entre Deadpool e Colossus (um
gigante de aço), onde Deadpool utiliza todo o seu potencial sarcástico e tagarela,
enquanto Colossus, sendo gigante e extremamente forte aparenta ter um perfil
ingênuo e bondoso.
Aqui
no Brasil, o filme recebeu a classificação para maiores de 16 anos, enquanto
nos Estados Unidos a classificação “R”, proibido para menores de 18 anos. Essa
classificação deve-se muito ao linguajar, as referências sexuais e a violência,
porém não é tão pesado assim. Infelizmente o filme conta com algumas piadas
machistas e homofóbicas que me incomodaram um pouco, mas por ter uma piada atrás da outra o filme não nos dá tanto tempo pra problematizar na hora. A
tradução para o Brasil ficou legal até, mas com umas partes bregas, como a
tradução de “ass” para “fiofó”, e algumas piadas intraduzíveis que só fazem
sentido nos Estados Unidos mesmo.
O
ponto principal do filme é o humor. Mas não é só disso que Deadpool é feito. O
longa conta com algumas cenas de ação bem bacanas, alguns cortes rápidos e
câmera tremida que incomodam um pouco, mas em compensação tem algumas câmeras
super lentas com aquela sacada de Deadpool que nos faz rir nas situações mais
inusitadas. O romance do filme também é bem interessante, os atores tem uma
sintonia muito boa e quando estão em tela nos fazem rir e abraçar esse
relacionamento ao mesmo tempo. Deadpool quebra alguns paradigmas com algumas
cenas sexuais não tradicionais para a sociedade heteronormativa em que vivemos,
porém em seguida solta alguma frase machista que nos faz quebrar o encanto pelo
personagem, durante um breve momento, pois o roteiro parece pequeno para tanta
piada. Queria destacar ainda a cena inicial, uma super câmera lenta numa cena
de ação com várias referências que nos fazem rir, abrindo o filme com chave de
ouro. E também temos nesse longa, talvez, a melhor aparição de Stan Lee em
filmes da Marvel.
Enfim,
Deadpool talvez não seja o filme ideal para todas as idades, mas para aqueles
jovens adolescentes que estão inseridos nesse mundo de heróis desde o primeiro
X-Men do Bryan Singer em 2000, é uma aposta certeira de diversão com os amigos.