O
Oscar 2016 está chegando, e com ele veio várias polêmicas, principalmente a questão
racial na Academia e na indústria cinematográfica norte americana. Mas isso
talvez seja assunto para outra discussão, porque é muito mais profundo, envolve
muitas coisas que vão além do Cinema. Agora, gostaria de escrever sobre o
prêmio de melhor diretor para esse Oscar: os indicados, o trabalho que eles
realizaram e a minha aposta.
Começamos
por Alejandro G. Iñárritu, com seu longa The Revenant, onde mais uma vez ele
nos mostra que está muito afim de receber o prêmio. Vencedor do Oscar de 2015
com Birdman, esse ano ele nos apresenta novamente a alguns planos sequências
muito bem elaborados, especialmente um no início do filme envolvendo uma
batalha, e, além disso, o longa é tecnicamente muito bem feito, não sendo mérito
total do diretor, mas sim de todos que o cercam e estão envolvidos na produção.
O trabalho com os atores aqui é muito bem feito, novamente, especialmente com
Leonardo DiCaprio, que de uns anos pra cá parece que não está mais fazendo
filme atoa, mas sim demonstra todo o seu potencial de atuação quando o mesmo é
bem dirigido.
Seguindo
o nível grandioso de Iñárritu com The Revenant, temos George Miller com Mad
Max: Fury Road. O adjetivo grandioso aqui se refere apenas para as questões de
uso do CGI, maquiagem e planos abertos, não dando o sentido de ser melhor que
os outros filmes, que são mais simples, porém contém uma grandiosidade
singular. No mais novo Mad Max, George Miller comanda novamente um futuro distópico,
conseguindo mesclar muito bem o CGI com efeitos práticos, o que nos leva a crer
em tudo aquilo por mais irreal que pareça. Assim como The Revenant, Mad Max
também é tecnicamente muito bem feito, a fotografia, maquiagem e a mixagem de
som são excelentes. Mas temos aqui um filme de gênero, um filme de ação, no
Oscar. Temos aqui um filme que foi lançado há quase um ano e as pessoas
continuam falando dele, e muito bem. Um filme com uma personagem feminina muito
forte, quebrando estereótipos, até da própria indústria. Ou seja, um filme de
ação de uma franquia clássica dos anos 80, com uma protagonista mulher, lançado
há quase um ano, e foi lembrado para essa premiação que tem fama de ser
extremamente conservadora. Isso só nos mostra a grandiosidade (em todos os
sentidos) deste filme, que trouxe uma nova face para um dos gêneros mais
populares do cinema, e que certamente será lembrado por vários anos.
Uma
das surpresas deste Oscar é Lenny Abrahamson com The Room, que é um filme que
teve pouca divulgação e acabou ganhando a todos com sua qualidade. The Room é, talvez, o menor filme nesta categoria (no sentido de orçamento e bilheteria),
mas nem por isso deve ser desmerecido. Abrahamson nos conta uma história
extremamente delicada e difícil de ser digerida pelo público, comandando muito
bem os seus atores, destacando Jacob Tremblay de apenas 9 anos que dá um show
nesse longa. A construção do Quarto também é ótima, parecendo que o mesmo tem
vida e é um dos personagens da história, além de ser extremamente
claustrofóbico. É um dos diretores que muitas pessoas falam que entrou pela “cota”
do Oscar, por ser irlandês e pouco conhecido (seu outro trabalho é Frank
(2014), mas que já mostra uma autoria do diretor).
Para
você que viu Anchorman: The Legend of Ron Burgundy (2004) e The Other Guys
(2010), talvez note algumas peculiaridades de Adam McKay em The Big Short. O longa,
pela sua sinopse parece não ser muito envolvente, e até tedioso e chato, e o
que Adam McKay faz aqui não tem nada disso. The Big Short conta com ótimos
atores, como Steve Carrel e Christian Bale, que interpretam personagens reais
envolvidos com a bolsa de valores, Wall Street, investimentos e todo esse mundo
das finanças que a grande maioria das pessoas não entende nada. O trunfo para
não deixar o filme entediante está no roteiro bem humorado, na montagem e nas
atuações. Há algumas cenas onde aparecem algumas pessoas conhecidas na cultura
pop, como Margot Robbie e Selena Gomez para nos explicar alguns termos
essenciais para o filme, e também existe a constante quebra da quarta parede
pelo narrador da história, e que dá um tom cômico e agradável ao longa.
A
simplicidade muito bem feita, tal qual os dois longas anteriores, há em
Spotlight de Tom McCarthy. Novamente, pela sinopse pode parecer um filme tedioso
e chato, mas extremamente pesado pela sua temática (investigação de pedofilia
na Igreja Católica). Ao contrário de The Big Short, o longa não conta com
alívios cômicos, mas sim há uma extrema tensão ao decorrer dessa investigação.
É um roteiro muito bem trabalhado que não cansa o expectador e ao mesmo tempo
não o entedia, o que dá um ótimo material para os atores, que estão excelentes;
é, talvez, a melhor equipe de atuação do Oscar. McCarthy nos mostra como fazer
um filme investigativo de ótima qualidade, digno de ser lembrado por muitos
anos e com certeza uma referência no subgênero jornalístico.
São
esses cinco diretores que compõe a categoria de Melhor Diretor no Oscar de
2016. Como menção honrosa, gostaria de citar também os incríveis Quentin Tarantino
por The Hateful Eight, Ryan Coogler por Creed, Danny Boyle por Steve Jobs e
Todd Haynes por Carol. Para levar a estatueta deste ano para casa, eu gostaria
muito que George Miller fosse premiado, e creio que será, pois o que mais se
aproxima aqui é Alejandro G. Iñárritu, porém é necessário observar que o mesmo
levou a estatueta ano passado também, então penso que academia não se curvaria
a um diretor mexicano premiando-o dois anos seguidos. Ao mesmo tempo, não seria
impressionante se Tom McCarthy ou Adam McKay vencesse, um pouco decepcionante
talvez. Infelizmente, o que mais está distante é o irlandês Lenny Abrahamsom,
mas que ainda faz um ótimo trabalho. Fica aqui então a torcida por George
Miller, e a diversidade no Oscar.
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