Foi
um ano bem satisfatório para o cinema. Tivemos a volta de franquias renomadas e
produções originais, alguns fracassaram e outros acertaram em muitas coisas.
Pretendo, aqui, comentar um pouco sobre os melhores filmes desse ano que está
terminando, em minha opinião, claro, mesclando entre grandes produções e outras
mais undergrounds. Considerarei a data dos filmes no Letterboxd por motivos de facilidade
mesmo. Alguns filmes que citarei aqui eu escrevi sobre (o link estará no título do longa), e outros pretendo
apenas comentar brevemente para não ficar muito extenso.
A primeira
surpresa que tive no ano foi Kingsman: The Secret Service, um filme de ação e
comédia sobre agentes secretos. É um filme muito divertido, dirigido por Matthew
Vaughn, que dirigiu Kick-Ass (2010) e percebe-se muito a semelhança visual
entre os filmes. Nesses mesmos gêneros de ação e comédia, 2015 nos trouxe
American Ultra, com Jesse Eisenberg e Kristen Stewart novamente, que
contracenaram em Adventureland (2009). Numa
pegada sci-fi, temos Ex-Machina, um drama de ficção científica com três
protagonistas, dois humanos e um androide. Nathan (Oscar Isaac) criou Ava (Alicia
Vikandler), e Celeb (Domhnall Gleeson) passará uma semana com os dois para
testar Ava, confirmando se o androide pode se passar por humano ou não. As
atuações são incríveis, o roteiro é fantástico e tem um final sensacional, mesmo! Um
filme de terror e suspense que gostei desse ano foi It Follows, que traz alguns
clichês bem feitos. Se em vários slashers as pessoas que fazem sexo acabam
morrendo primeiro, por que não fazer um filme onde uma maldição mortal é
transmitida através do sexo? Após o ato sexual com alguém infectado, uma pessoa
aleatória te segue para te matar, sem correr, como os slashers fazem, andando
calmamente, mas uma hora eles te alcançam. É uma ideia muito interessante e uma
ambientação bem feita, com tantos filmes de terror bem ruins sendo feitos, esse
é uma exceção.
Outro
filme com uma ideia muito interessante é o nacional Entre Abelhas, estrelado
por Fábio Porchat e dirigido por Ian SBF. Aqui as pessoas acabam sumindo para o
protagonista gradualmente; pessoas nas ruas, amigos, vizinhos, ficam invisíveis
para ele. Achei a ideia muito boa, porém não muito bem desenvolvida. Gostei da
atuação do Porchat também, ele não está overacting, e sim muito bem contido,
mas com alguns alívios cômicos. No cenário brasileiro temos ainda o
queridíssimo, premiadíssimo e aplaudidíssimo Que Horas Ela Volta?, estrelado
por Regina Casé, que interpreta uma empregada que mora na casa de seus pratões
de classe média alta em São Paulo, tem sua rotina mudada quando sua filha, que
mora em Pernambuco, vem para São Paulo prestar vestibular e tem que ficar
alguns dias morando nessa mesma casa. O filme aborda temas muito enraizados em nossa
sociedade e que muitas vezes acabamos não problematizando, por mais prejudicial
e preconceituoso que seja. Regina Casé é “praticamente da família”, vive num
quartinho nos fundos da casa dos patrões e sua filha não acha isso nada bom, e começa
a instigar sua mãe sobre essa vida e sua relação com os patrões.
Falando
em ideia boa, talvez uma das melhores e mais originais desse ano pertença ao
filme Unfriended. É um filme de terror que se passa numa tela de computador.
Você utiliza Skype, Facebook, Youtube, Instagram, Twitter, etc..? Se sim, vai
se identificar bastante com o filme. Temos aqui a história de uma garota que se
suicidou porque sofreu bulliyng após um vídeo seu viralizar na internet. No
aniversário da morte dessa garota, um grupo de amigos está conversando via
Skype, e outra pessoa é adicionada à conversa, e ninguém sabe quem é e muito
menos removê-la dali. A trama é passada diretamente do monitor de uma das
garotas que está na conversa, e vemos se alternar nos programas, fazer pesquisa
no Google, colocar músicas e tudo mais que estamos acostumados a fazer no
computador. É uma ótima experiência para você ver com seu computador perto de
você, ou bem em frente à TV simulando um computador.
Gostaria
de citar também quatro superproduções desse ano que merecem um destaque
positivo. A primeira delas foi Jurassic World, que nos trouxe novamente ao
mundo dos dinossauros que conhecemos com Jurassic Park (1993). Em seguida
tivemos Ant-Man, da Marvel, um filme de super-herói e de roubo muito divertido,
estabelecendo um personagem bem interessante para o universo Marvel. Pegando
onda nos filmes espaciais que fizeram sucesso nos últimos anos como Gravity
(2013) e Interstellar (2014), The Martian traz Matt Demon perdido em Marte
tentando sobreviver sozinho por lá. No final do ano tivemos ainda o final de
uma franquia com The Hunger Games: Mockingjay – Part 2, que particularmente eu
não gostei tanto assim, mas a franquia toda tem seus pontos positivos e merece
destaque. Nesse
final de ano alguns filmes acabaram vazando e tirei um tempo para vê-los e
assistir outros que não consegui durante o ano e gostaria de fazer uma menção
honrosa a eles por aqui: Carol, The Visit, Irrational Man, Experimenter, Sicario, The Wolfpack.
Antes
dos três melhores filmes do ano, tenho outros que estão em meu coração e são mais undergrounds, digamos assim. O primeiro é
The Gift, que eu escrevi sobre aqui no blog. O segundo é Slow West, um drama de
faroeste lindíssimo, real, cruel e trágico, onde um jovem atravessa o oeste
norte americano em busca de sua paixão, com a ajuda de um homem mais experiente
nessas regiões, mas até então um completo desconhecido. O filme tem uma das
melhores fotografias do ano, e o final é muito triste, e crível por ser tão
real. O terceiro é Southpaw, um filme de boxe protagonizado por Jake
Gyllenhaal, um dos meus atores preferidos, e aqui ele arrasa mais uma vez como
em Nightcrawler (2014). É um drama de boxe com vários clichês, mas um pouco
diferente, moderno e trágico. Outro que escrevi sobre é Brooklyn, filme inglês
muito lindo.
Os
meus três melhores filmes de 2015, curiosamente são grandes produções. A
primeira, com certeza é Mad Max: The Fury Road. Que filmão, uma história muito
bem feita, fotografia excelente, atuações incríveis, uma mulher protagonista
poderosa e Furiosa, revitalizou completamente uma franquia quase esquecida dos
anos 1980. O segundo é uma animação da Pixar, Inside Out, relembrando-nos do
porquê amamos esse estúdio. Animação lindíssima que nos mostra como as emoções
reagem e interagem na mente de uma garota beirando a adolescência que se muda
para uma cidade nova, abordando temas profundos de uma forma didática e
incrível. Muito obrigado, Pixar, chorei mais uma vez com você. Não podia ficar
de fora, é claro, Star Wars: Episode VII – The Force Awekens! Um dos filmes mais
esperados de todos os tempos (se não o mais), batendo todos os recordes de
bilheterias, e não é por menos. Após o fracasso de crítica da última trilogia,
fomos presentados com essa obra que merece todo o destaque possível. Com os
melhores atores da saga, o CGI melhor utilizado, um fan servisse bem feito,
peca um pouco no roteiro não tão original. Ao mesmo tempo que é uma
continuação, parece um remake de Star Wars: Episode IV – A New Hope (1977), mas que
funciona muito bem.
Não assisti a todos os filmes que gostaria esse ano, mas dos
que vi esses merecem ser apreciados por outras pessoas também. Fico agora na
espera para que 2016 seja tão bom quanto foi esse ano, com superproduções bem
feitas, mais ideias originais e um cinema mais acessível no Brasil também. Fica aqui meus agradecimentos a 2015 e felicitações para todos nesse novo ano que está chegando!