terça-feira, 10 de maio de 2016

El Club De Los Incomprendidos

Direção: Carlos Sedes, 2014.
O Clube dos Incompreendidos é um filme espanhol que quer ser muita coisa e acaba não sendo. O longa conta a história de Valeria (Charlotte Vega), uma adolescente que, após o divorcio dos pais, se muda com sua mãe para Madrid, e tem que se adaptar a uma nova escola e novos colegas. Após alguns acontecimentos, Valeria acaba tendo que comparecer a um grupo de apoio da escola, onde estão mais cinco jovens, durante todo o resto do ano letivo. O filme se desenrola a partir disso: uma nova cidade para descobrir, novos amigos para conquistar e a busca de sua identidade e lugar no mundo.


O próprio título já faz referência a um clássico dos anos 80 de John Hughes, O Clube dos Cinco (The Breakfast Club, 1985), e o longa espanhol homenageia (ou imita) muito o original. Aqui são seis pessoas, mas ainda há o Clube, há os preconceitos a serem combatidos, as reuniões de (auto) conhecimento coletivo, e as amizades e romances inesperados. As cores do filme também lembram muito os anos 80, só que tudo mais limpo e atualizado para os anos 2010; mas a referência ainda é claríssima. As conversas e os próprios estereótipos são sugados dos Cinco e distribuídos nesse colégio em Madrid, perdendo certa originalidade espanhola, transformando o longa em uma versão de qualquer colegial norte-americano.


            Incompreendidos... lembra outra palavra de um filme colegial de sucesso: invisíveis. As Vantagens De Ser Invisível (The Perks of Being a Wallfower, 2012) aborda vários temas similares ao Clube dos Cinco, mas atualizado para uma nova geração com outro tom. O Incomprendidos não sabe ao certo qual é seu tom, e muito menos qual história quer contar. Há momentos que o longa foca na amizade do Clube, outros em um romance adolescente que parece um longo vídeo clipe, e outros em assuntos que permeiam vários filmes colegiais. Tendo como referência esses dois grandes longas, o filme espanhol acaba se perdendo no roteiro e no tom do filme, com pouca originalidade e muito pouco aprofundamento em questões importantíssimas que só vem à tona no final. (ALERTA SPOILER) Depois de muito romance adolescente, brigas bobas e pouca originalidade, no fim há uma fagulha de esperança quando há um beijo entre duas garotas, porém aquilo cai de paraquedas no filme e morre ali mesmo, não há conversa sobre aquilo e foi como se nunca tivesse acontecido. Outro assunto que o longa joga na cara e não aprofunda é sobre esquizofrenia, quando no final do filme nos é mostrado isso, mas também a conversa que segue é muito genérica parece não haver peso para a história.


            Certamente o diretor fez escolhas erradas ao conduzir as histórias que se entrelaçam e querer apresentar personagens demais. Incomprendidos é algo que poderia ser muito maior, mas acaba nadando nos mesmos assuntos sem trazer nada novo. Reflexões sobre amizade, mudanças, bullying, pressão familiar, preconceitos e tudo o que esse período conturbado que é a adolescência nos proporciona são vazias. Infelizmente, perderam uma chance de atualizar o Clube e conversar com uma nova geração de adolescentes que se sentem incompreendidos pela sociedade.

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