Direção: Carlos Sedes, 2014. |
O
Clube dos Incompreendidos é um filme espanhol que quer ser muita coisa e acaba
não sendo. O longa conta a história de Valeria (Charlotte Vega), uma
adolescente que, após o divorcio dos pais, se muda com sua mãe para Madrid, e
tem que se adaptar a uma nova escola e novos colegas. Após alguns
acontecimentos, Valeria acaba tendo que comparecer a um grupo de apoio da
escola, onde estão mais cinco jovens, durante todo o resto do ano letivo. O filme
se desenrola a partir disso: uma nova cidade para descobrir, novos amigos para
conquistar e a busca de sua identidade e lugar no mundo.
O próprio título já faz referência a
um clássico dos anos 80 de John Hughes, O Clube dos Cinco (The Breakfast Club,
1985), e o longa espanhol homenageia (ou imita) muito o original. Aqui são seis
pessoas, mas ainda há o Clube, há os preconceitos a serem combatidos, as
reuniões de (auto) conhecimento coletivo, e as amizades e romances inesperados.
As cores do filme também lembram muito os anos 80, só que tudo mais limpo e
atualizado para os anos 2010; mas a referência ainda é claríssima. As conversas
e os próprios estereótipos são sugados dos Cinco e distribuídos nesse colégio
em Madrid, perdendo certa originalidade espanhola, transformando o longa em uma
versão de qualquer colegial norte-americano.
Incompreendidos... lembra outra
palavra de um filme colegial de sucesso: invisíveis. As Vantagens De Ser Invisível
(The Perks of Being a Wallfower, 2012) aborda vários temas similares ao Clube
dos Cinco, mas atualizado para uma nova geração com outro tom. O Incomprendidos
não sabe ao certo qual é seu tom, e muito menos qual história quer contar. Há
momentos que o longa foca na amizade do Clube, outros em um romance adolescente
que parece um longo vídeo clipe, e outros em assuntos que permeiam vários
filmes colegiais. Tendo como referência esses dois grandes longas, o filme
espanhol acaba se perdendo no roteiro e no tom do filme, com pouca
originalidade e muito pouco aprofundamento em questões importantíssimas que só
vem à tona no final. (ALERTA SPOILER) Depois de muito romance adolescente,
brigas bobas e pouca originalidade, no fim há uma fagulha de esperança quando
há um beijo entre duas garotas, porém aquilo cai de paraquedas no filme e morre
ali mesmo, não há conversa sobre aquilo e foi como se nunca tivesse acontecido.
Outro assunto que o longa joga na cara e não aprofunda é sobre esquizofrenia,
quando no final do filme nos é mostrado isso, mas também a conversa que segue é
muito genérica parece não haver peso para a história.
Certamente o diretor fez escolhas
erradas ao conduzir as histórias que se entrelaçam e querer apresentar
personagens demais. Incomprendidos é algo que poderia ser muito maior, mas
acaba nadando nos mesmos assuntos sem trazer nada novo. Reflexões sobre
amizade, mudanças, bullying, pressão familiar, preconceitos e tudo o que esse
período conturbado que é a adolescência nos proporciona são vazias. Infelizmente,
perderam uma chance de atualizar o Clube e conversar com uma nova geração de
adolescentes que se sentem incompreendidos pela sociedade.
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